24 de mar. de 2009

VORACIDADE

Foi-se o tempo, felizmente, em que o homem precisava matar com as próprias mãos a caça que viria a alimentar sua família. Com a domesticação de muitos animais palatáveis e a evolução humana, matar para comer tornou-se bem menos traumático – já que basta ir ao mercado para se abastecer de carnes de boi, frango, porco, peixe, carneiro..., todos cortadinhos e embalados de forma prática - e no caso dos bichos mais selvagens, desnecessário e até sob risco de prisão.
Porém, quem disse que com o surgimento das leis de proteção à fauna o homem teve de abrir mão de sabores mais rústicos, digamos, em se tratando de carne? Do mesmo modo que os animais de consumo domesticados, vários outros bichos têm suas carnes à disposição dos glutões de forma ordenada e limpa nos balcões refrigerados dos supermercados, açougues e empórios especializados. Quer coelho ou, quem sabe, lebre? Tem! Assim como a delicada codorna, pato, marreco, javali, perdiz, faisão. Todos prontos para o preparo. Em alguns casos nem é preciso temperar, e às vezes a codorna, o pato e o marreco já estão até recheados. É descongelar, tirar da embalagem, assar, comer.
Mesmo carnes ditas exóticas e de animais silvestres são encontradas em profusão, fornecidas por produtores autorizados pelos órgãos competentes. Avestruz, jacaré, capivara, nos cortes tradicionais de filé ou posta e como escalope, linquiça, carpaccio, hamburguer... . Confesso que tenho lá minhas restrições ao consumo de alguns desses bichos. Tipo, por que comer jacaré, animal horroroso que só pensar em atacar e morder? Já provei, tem realmente gosto de peixe. Mas se tem gosto de peixe, melhor não é comer peixe propriamente dito?
E o que dizer da fixação do Japão com a carne de baleia? Tadinho do grande mamífero, tão tranqüilo na imensidão do mar e de repente arpoado para virar filé ou carne em conserva. E os nipônicos ainda agem na contramão das decisões mundiais, que determinam a proibição da caça à baleia, driblando as normas sob a alegação de que caçam para fins científicos. Com tantos frutos do mar à disposição, querer devorar baleia é de uma gulodice assaz predadora, convenhamos.

RECEITA

. Coelho à caçadora

Ingredientes:
1 1/2kg de coelho cortado em pedaços;
sal e pimenta do reino quanto baste;
3 colheres (sopa) de óleo;
1 cenoura pequena picada fino;
1 cebola pequena picada;
1 talo de salsão picado;
1 dente de alho picado;
1 colher (sopa) de salsa picada;
1/2 xícara (chá) de vinho branco seco;
4 tomates médios e maduros picado grosso, sem pele nem sementes;
1 folha de louro;
200grs de cogumelo fresco inteiro;
1 xícara (chá) de caldo de galinha.

Modo de preparar:
Lave bem o coelho e enxugue com um guardanapo. Tempere com sal e pimenta do reino e deixe tomar gosto por alguns minutos. Aqueça o óleo e frite os pedaços de coelho, poucos por vez, até que fiquem dourados e crocantes por igual. Retire, escorra bem e reserve. Acrescente a cenoura, a cebola, o salsão, o dente de alho, a salsa, à gordura em que fritou o coelho e refogue, em fogo moderado e mexendo sempre, até que murchem. Coloque os pedaços fritos de coelho de novo na panela, e espere que fiquem bem quentes. Acrescente o vinho, regando uniformemente os pedaços de coelho, e mexa até que evapora, mantendo o fogo alto. Junte o tomate, o louro e os cogumelos à panela. Regue com o caldo e misture bem. Cozinhe por mais 15 minutos ou até que o tomate se desmanche.

1 comentários:

Paulo Mantello disse...

Parabéns pelo blog, Paulo. Muito gostoso de ler. Literalmente. rs. abraço